Mais de 300 jegueiros na segunda festa do Jegue Preto em Araci
O jumento ou jegue, como você queira chamar, é um animal utilizado
para fazer serviços pesados para o homem desde a antiguidade. Há
registro do trabalho do animal por volta 5.000 a.C.. E até hoje, o jegue
é fundamental para o trabalho, principalmente nas regiões áridas. E na
nossa região, não seria diferente, ele é bastante utilizado para
transportar a palha da agave para a produção do sisal, por isso recebeu o
nome tradicional: “Jegue de motor de sisal”, além de outras atividades
como carregar água, mandioca e até mesmo levar o seu dono para a feira.
Pensando em homenagear este símbolo das regiões áridas, o
apresentador do programa Orvalho Sertanejo da Cultura FM de Araci, Pedro
Lopes, juntamente com alguns amigos organizou a primeira festa do jegue
com a titularidade de “Festa do Jegue Preto”. A primeira edição
aconteceu em janeiro do ano passado.
Na tarde deste sábado, 14, aconteceu a segunda festa e pelo jeito já
se tornou tradição. Mais de 300 jegues estiveram na passeata que saiu da
fazenda Areias e entrou na cidade pela Rua José Pinheiro e chegou a
Praça Nossa Senhora da Conceição pela Praça do Mercado.
Montados em jegues, as pessoas sendo jovens, crianças e até idosos e
celebridades da cidade, seguiam o trio Chicletinho onde grande
aboiadores entoavam toadas homenageando o jumento.
Ainda tiveram homenagens especiais para o animal. Alguns jegues
vieram caracterizado, mostrando os serviços que fazem para os humanos,
exemplo: o jegue do motor de sisal, o jegue do vaqueiro, o jegue do
viajante, o de carregar lenha e cargas e outros serviços, além da
jumenta “mocinha”- virgem na verdade” – que estava toda enfeitada de
rosa.
No palco, na Praça da Conceição, os jurados fizeram a votação das
categorias dos jegues e dos jegueiros para concorrerem a prêmios.
Ainda no palco houve
apresentações culturais como show de viola com Zé Pedreira, Nilton da Viola, os Galegos Sertanejos e aboiadores. As atrações seguiram pela noite com Luciano Macedo, Play Boys e outras.
apresentações culturais como show de viola com Zé Pedreira, Nilton da Viola, os Galegos Sertanejos e aboiadores. As atrações seguiram pela noite com Luciano Macedo, Play Boys e outras.
Para a rainha da festa, Cristiane Oliveira, que também faz parte da
organização, afirma que a festa é mais um passo para a preservação
cultural. “Estou feliz em ser a Rainha da festa, mas espero que o ano
que venha seja outra mais bonita do que eu” – disse Cristiane feliz por
continuar no trono do reino do jegue preto por mais um ano.
Para o criador da festa, Pedro Lopes, a brincadeira – como chamou –
é uma forma de homenagear o jegue, instrumento de trabalho da
caatinga. “É uma festa feita por amigos com intuito de agradecer ao
jegue o trabalho que ele realiza e não cobra por isso” – comentou.
Considero aqui que a idéia de homenagear o jumento é fantástica,
afinal, o boi, a cabra e outros animais já são homenageados por aí em
manifestações diferentes, mas mesmo sendo o homenageado da vez, a
jornada de trabalho para eles não vai diminuir não.