Região paulista tem PIB superior a de muitos países, como Nova Zelândia. Em Trabiju, morador consegue comprar casa própria com salário mínimo.
Era uma vez uma cidade com todas as ruas asfaltadas, ônibus e remédios
de graça, índice zero de mortalidade infantil com o pré-natal feito na
casa das futuras mamães. Um lugar sem cadeia. O último homicídio foi há
12 anos. O distrito atende casos de brigas e pequenos furtos. Até o
delegado Ricardo Fará reclama do tédio: “Por responder por outras duas
cidades, eu tenho outras atividades, senão eu realmente ia ter entrado
em depressão já, porque a calmaria é grande”.
O conto de fadas da vida real está no município paulista de Trabiju,
cidade de 1,3 mil habitantes, onde a agenda telefônica cabe na memória
da telefonista da prefeitura. Suzana Ribeiro de Souza conta que guarda
na cabeça os números de 156 telefones.
A vida em Trabiju tem um ritmo diferente. Seu Jorge abandonou a
carreira de ferroviário na capital para limpar as ruas de Trabiju. “Eu
adoro essa cidade, de verdade, melhor do que São Paulo,
que tem trânsito, muita população, muita fumaça e muito barulho também.
Aqui nós estamos no céu”, diz o funcionário público Jorge Henrique da
Silva.
Como a maioria, ele ganha salário mínimo, o suficiente para realizar o
maior dos sonhos, a casa, financiada em 25 anos. Sobra dinheiro para
pagar a prestação, luz, água. “Graças a Deus. É chique dez”, conta.
Dona Cida está de volta à cidade após viver mais de 20 anos em São Paulo. Hoje, serve cafezinho, mas já teve vida de madame. “Eu tinha tudo o que eu queria: meus filhos estudando nas melhores escolas, eu com duas empregadas em casa”, relembra a funcionária pública Maria Aparecida Colim.
Após a falência da empresa e a morte do marido, ela decidiu reconstruir a vida em Trabiju junto com os dois filhos. ”Eu precisava de uma escola boa perto da minha casa, porque eu não tinha condução nem dinheiro para levar meus filhos em escola nenhuma. Tinha posto de saúde onde eu poderia levar meus filhos... Tudo no lugar”, afirma Cida.
Dona Cida está de volta à cidade após viver mais de 20 anos em São Paulo. Hoje, serve cafezinho, mas já teve vida de madame. “Eu tinha tudo o que eu queria: meus filhos estudando nas melhores escolas, eu com duas empregadas em casa”, relembra a funcionária pública Maria Aparecida Colim.
Após a falência da empresa e a morte do marido, ela decidiu reconstruir a vida em Trabiju junto com os dois filhos. ”Eu precisava de uma escola boa perto da minha casa, porque eu não tinha condução nem dinheiro para levar meus filhos em escola nenhuma. Tinha posto de saúde onde eu poderia levar meus filhos... Tudo no lugar”, afirma Cida.
A cidade é tão tranquila que a porta fica aberta à noite. “Durmo com
porta aberta, durmo com janela aberta. Se virem uma matéria dessa, vou
ter que começar a fechar a porta”, brinca.
Como não tem carro, dona Cida vai a pé ao supermercado. Mas em Trabiju nada é longe. A curiosidade é que ela também vai sem carteira. Como ela paga a conta? Na confiança. “Sempre no quinto dia útil de cada mês eu pago a minha conta”, diz ela. O dono do mercado conta que mais de 80 clientes só pagam no fim do mês. “A gente tem aquela confiança um com o outro. Eu confio neles e eles confiam em mim”, aponta o empresário Pedro Opini.
A compra só não pode ser feita na hora do almoço, quando o mercado e todo o comércio fecham as portas para a sesta. As cinco indústrias do agronegócio também respeitam o intervalo. Na fabrica de ração, Reginaldo Aparecido Servidone faz o que muita gente da cidade grande não pode: a refeição em casa com a família. “É um privilégio, porque lá os caras não têm como almoçar em casa assim, saem tarde, chegam tarde em casa. É muito trânsito, cidade grande é muito corrido, não dá nem tempo”, avalia o carregador,
Nas cidades do interior, a correria é outra. Sem o trânsito dos grandes centros sobra mais tempo para respirar o ar puro, cuidar da saúde e da família. Enfim, buscar a tão sonhada qualidade de vida, que caminha junto com o progresso.
Com um PIB superior ao de países como a Nova Zelândia, o interior de São Paulo é hoje o maior mercado consumidor do país. Virou rota do crescimento sem perder as raízes. Não é a toa que cada vez mais pessoas procuram na região o porto seguro para uma vida mais tranquila.
Como não tem carro, dona Cida vai a pé ao supermercado. Mas em Trabiju nada é longe. A curiosidade é que ela também vai sem carteira. Como ela paga a conta? Na confiança. “Sempre no quinto dia útil de cada mês eu pago a minha conta”, diz ela. O dono do mercado conta que mais de 80 clientes só pagam no fim do mês. “A gente tem aquela confiança um com o outro. Eu confio neles e eles confiam em mim”, aponta o empresário Pedro Opini.
A compra só não pode ser feita na hora do almoço, quando o mercado e todo o comércio fecham as portas para a sesta. As cinco indústrias do agronegócio também respeitam o intervalo. Na fabrica de ração, Reginaldo Aparecido Servidone faz o que muita gente da cidade grande não pode: a refeição em casa com a família. “É um privilégio, porque lá os caras não têm como almoçar em casa assim, saem tarde, chegam tarde em casa. É muito trânsito, cidade grande é muito corrido, não dá nem tempo”, avalia o carregador,
Nas cidades do interior, a correria é outra. Sem o trânsito dos grandes centros sobra mais tempo para respirar o ar puro, cuidar da saúde e da família. Enfim, buscar a tão sonhada qualidade de vida, que caminha junto com o progresso.
Com um PIB superior ao de países como a Nova Zelândia, o interior de São Paulo é hoje o maior mercado consumidor do país. Virou rota do crescimento sem perder as raízes. Não é a toa que cada vez mais pessoas procuram na região o porto seguro para uma vida mais tranquila.
Vinhedo
é a cidade dos condomínios, onde resiste a tradição familiar que deu
nome ao município. O vinho artesanal é herança dos imigrantes europeus
que colonizaram a cidade. Já quiseram derrubar tudo, fazer condomínio,
hotel, restaurante, mas o agricultor Carlos Ferragut não vende. “Não
vendo de jeito nenhum. É uma tradição que a gente tem prazer de manter”,
afirma.
Respeito ao passado e olho no futuro. Câmeras fazem até 150 fotos por
minuto e registram a entrada de todos os veículos, Na central de
monitoramento, as imagens são confrontadas com o cadastro nacional de
veículos roubados. Quando um carro envolvido em crime aparece, toca um
alarme e viaturas seguem na direção do veículo. “Em 2012, tivemos uma
redução de aproximadamente 29% dos índices de furto de veículo. Nosso
sistema também tem nos ajudado na integração com as demais forças de
segurança, apoiando no sentido de investigação desses crimes e solução
deles”, diz o comandante da Guarda Municipal de Vinhedo Osmir Aparecido
Cruz.
A vida no interior
Na educação, as crianças da pré-escola são alfabetizadas com as
ferramentas da tecnologia. A empresária Ana Claudia Marangoni e o
dentista Anderson colocaram o filho em uma escola pública depois de
visitar várias particulares. “Na verdade, foi perfeito, porque você tem a
mesma qualidade de uma particular sem ter custo nenhum”, conta ela.
O parque industrial recebe quase cem novas fábricas por ano. Uma
metalúrgica que tinha uma unidade em São Paulo se transferiu para
Vinhedo em busca de espaço. “A metragem quadrada de terreno que nós
precisávamos, não encontraríamos em São Paulo. É fundamental para a
nossa atividade. Estamos a 10 minutos do aeroporto de Viracopos e a 40 minutos de São Paulo, estamos servidos pelas melhores estradas do Brasil”, diz o diretor-presidente, João Marcos Lucas.
Porcas e parafusos construíram o crescimento da empresa e da carreira
do gerente de logística Cláudio Pinheiro Dias. “Aqui, eu tive a
oportunidade de estudar, fiz a faculdade e hoje estou fazendo uma pós
para me especializar mais ainda”, destaca.
Ele morava no Jardim Miriam, uma região muito pobre de São Paulo, onde hoje ainda vive a família: “Meu passado não foi fácil, pela violência que tem e pela dificuldade do dia a dia mesmo, de para ir trabalhar, para voltar, com o trânsito”.
Ele morava no Jardim Miriam, uma região muito pobre de São Paulo, onde hoje ainda vive a família: “Meu passado não foi fácil, pela violência que tem e pela dificuldade do dia a dia mesmo, de para ir trabalhar, para voltar, com o trânsito”.
No interior, aos 35 anos, ele tem salário de executivo, um bom carro,
tempo para o filho e o recanto particular. “Era um sonho que eu tinha e
hoje é realidade: estar morando em condomínio, ter cachorro, ter
passarinho e essa boa vida que o interior proporciona para gente”,
enumera.
Nesse pedaço do Brasil, o tempo é aproveitado jogando conversa fora com os vizinhos ou novos amigos. Seu Zé Luis morou em Curitiba, mas foi buscar a felicidade no banquinho de Trabiju. “À tardezinha, o banco vem para fora, o pessoal se reúne e bate papo”, compara o militar aposentado José Luis Possato.
Para sobrevivência, o fundo do quintal virou um sítio. Mais uma história do interior com final feliz. “Hoje eu posso dizer que estou feliz quanto a isso”, comemora seu Zé Luis.
Nesse pedaço do Brasil, o tempo é aproveitado jogando conversa fora com os vizinhos ou novos amigos. Seu Zé Luis morou em Curitiba, mas foi buscar a felicidade no banquinho de Trabiju. “À tardezinha, o banco vem para fora, o pessoal se reúne e bate papo”, compara o militar aposentado José Luis Possato.
Para sobrevivência, o fundo do quintal virou um sítio. Mais uma história do interior com final feliz. “Hoje eu posso dizer que estou feliz quanto a isso”, comemora seu Zé Luis.
Seu Jorge sabe que não é o dinheiro, mas o que traz a felicidade? “É a
saúde, o amor, o respeito pelos outros e um lugarzinho desses daqui. É
chique dez”, afirma.
G1