Março Mulher: Raízes de Empoderamento e Conexão Solidária fortalece protagonismo feminino na UEFS

Março Mulher: Raízes de Empoderamento e Conexão Solidária fortalece protagonismo feminino na UEFS

Foto: Divulgação

O Movimento de Organização Comunitária (MOC), em parceria com diversas organizações, realiza a Feira da Agricultura Familiar, Economia Criativa, Popular e Solidária entre os dias 26 e 28 de março de 2025, na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Com o tema "Março Mulher: Raízes de Empoderamento e Conexão Solidária", o evento busca fortalecer a economia local, incentivar o consumo consciente e promover a comercialização de produtos sustentáveis, criativos e solidários.

Com foco no protagonismo das mulheres nas lutas por justiça social, igualdade de gênero, soberania alimentar e sustentabilidade no semiárido baiano, o Março Mulher contou com seminários, oficinas, rodas de conversa, apresentações culturais, lançamentos de livros e feiras temáticas. A valorização da agricultura familiar, do empreendedorismo feminino e da economia solidária esteve no centro das atividades, reforçando seu papel como ferramenta de transformação social.

Os debates abordaram temas essenciais como emergências climáticas, políticas públicas para a agricultura familiar, educação do campo e enfrentamento à violência contra as mulheres. Um dos momentos marcantes foi o relançamento da campanha “Divisão Justa do Trabalho Doméstico”, reforçando a necessidade de equidade no ambiente familiar. Além disso, a feira também foi espaço para divulgar o portal Edu-Cativando na Caatinga, que visa fortalecer a educação contextualizada na região.

A programação também incluiu um seminário que reuniu sociedade civil e poder público para discutir estratégias de mitigação dos impactos das mudanças climáticas. O evento contou com a participação de pesquisadores da UEFS e UNEB, além de representantes da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Bahiater e Superintendência da Agricultura Familiar. Agricultores e agricultoras experimentadores contribuíram com seus saberes e práticas agroecológicas, reforçando a importância das políticas públicas para fortalecer a resiliência das comunidades rurais diante das mudanças do clima.

Durante os três dias de evento, cerca de 110 expositores apresentaram produtos da agricultura familiar e do trabalho de empreendedores das periferias da cidade. Além da comercialização, os participantes também tiveram a oportunidade de trocar experiências e se qualificar em cursos e rodas de conversa. A programação contou com apresentações musicais e culturais, destacando artistas locais e dando visibilidade à arte produzida na região.

A Feira da Agricultura Familiar, Economia Criativa, Popular e Solidária também promoveu espaços de cuidado e bem-estar, como a tenda “Cuidar de Quem Cuida”, que ofereceu atividades de autocuidado, benzimentos e escalda-pés. Outras iniciativas incluíram oficinas de artesanato, agroecologia e atendimento do SAC Móvel, oferecendo serviços essenciais à população.

Para Reinilda Santos da Silva, coordenadora do Programa de Fortalecimento e Economia Popular do MOC, o Março Mulher e a feira foram um marco na valorização da produção local e no fortalecimento da economia solidária. Segundo ela, o evento reuniu expositores de diversos territórios da Bahia, especialmente das regiões do Sisal, Portal do Sertão e Bacia do Jacuípe, promovendo não apenas a comercialização de produtos, mas também a construção de redes de apoio e parcerias para fortalecer os empreendimentos femininos.

A presidente do MOC, Conceição Borges, ressaltou a importância da feira dentro do Março Mulher para desconstruir a ideia de que a agricultura familiar está desaparecendo. “Tudo que vimos aqui, seja artesanato, sejam os produtos beneficiados, é fruto da agricultura familiar, e grande parte dessa produção vem da mão de obra feminina”, destacou. Já Célia Firmo, coordenadora-geral do MOC, enfatizou o papel do evento na reflexão sobre políticas públicas e emergências climáticas, além de reforçar a relevância da produção da caatinga e das periferias de Feira de Santana.

Entre as muitas histórias que atravessaram a feira, destaca-se a de Áurea Aires, da comunidade de Cacimbinha, em Formosa do Rio Preto, que viajou quase mil quilômetros para participar do evento. Ela trouxe consigo o artesanato dos povos geraizeiros, uma expressão cultural e econômica que resiste e se fortalece na economia solidária. “Das mulheres, principalmente, vem o artesanato, que é a economia solidária. A gente traz também a cultura familiar e o extrativismo. O que me motiva mesmo é a luta. Esse trabalho das mulheres, além de ser empoderamento feminino e uma fonte de renda, também é um instrumento de resistência contra o agronegócio, que invade e viola os direitos dos povos tradicionais”, afirmou a agricultora.

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O Março Mulher, com a Feira da Agricultura Familiar, Economia Criativa, Popular e Solidária, se consolidou como um espaço de resistência, aprendizado coletivo e valorização da cultura do campo. Além de impulsionar a economia local, reforçou o papel essencial das mulheres na construção de um modelo econômico mais justo e sustentável. 



Fotos: PCOM MOC

Durante os três dias de evento, visitantes tiveram acesso a uma grande diversidade de produtos alimentícios, como bolos, beijus, doces, geleias, biscoitos e hortaliças livres de agrotóxicos, além de artesanatos e outros itens produzidos por pequenos empreendedores. Além disso, a programação incluiu apresentações culturais, oficinas, rodas de conversa e plenárias, promovendo um ambiente de aprendizado e troca de experiências entre os participantes.

Marineide Sena Ferreira, da comunidade de Lagoa Grande, no distrito de Maria Quitéria, levou para o evento produtos derivados do leite de cabra, licuri, castanha, amendoim e coco. “A procura está boa, indo de vento em popa. Vendo para complementar a renda, pois trabalho como lavadora”, contou.

Foto: Mário Sepulveda

A Feira de Saberes e Sabores, que ocorre tradicionalmente às quintas-feiras na UEFS, também integrou a programação do evento maior. Coordenada por Ana Regina Messias, técnica da universidade, a feira faz parte de um projeto de extensão e pesquisa da incubadora de iniciativas de economia popular e solidária da instituição. “Este espaço permite que mulheres empreendedoras apresentem seus negócios, seja no cultivo de alimentos, produção de geleias, bolos ou artesanatos. Essa iniciativa ajuda a complementar a renda das famílias”, explicou.

Além da comercialização de produtos, a feira contou com serviços como a carreta do SAC Móvel e ações do programa Mesa Brasil, reforçando seu caráter de impacto social e inclusão. A programação cultural e as formações também contribuíram para tornar o evento um espaço de debate e fortalecimento da economia solidária.

O evento não apenas impulsionou o comércio de pequenos empreendedores, mas também reforçou a importância da cooperação e do protagonismo das mulheres na economia popular. Com isso, a Feira da Agricultura Familiar, Economia Criativa, Popular e Solidária se consolidou como um marco na valorização da produção local e no incentivo a práticas econômicas mais justas e sustentáveis.

Folha do Estado / PCOM MOC

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