Seca já provoca alta de até 67% na cesta do baiano


Correio da Bahia

“Quando você for dar uma notícia dessas a uma pessoa de idade, fale devagar, pra pessoa não infartar”.  A dona de casa, que pediu para não se identificar, se referia ao preço do quilo do feijão mulatinho num dos boxes da Ceasa: o valor aumentou de R$ 6 para R$ 10, nos últimos dois meses. Por causa da seca que atinge os principais municípios produtores de feijão do estado, o alimento foi o que registrou a maior alta entre março e abril (64,83% o carioca e 41,5% o mulatinho).
Além dele, outros itens da cesta básica do baiano também foram afetados por causa da estiagem. A farinha foi uma delas. “A que era R$ 2 foi pra R$ 2,50 e a que era R$ 2,50 agora está por R$ 3”, diz Marcos Reis, dono de um dos estandes da Feira de São Joaquim. O aumento chegou a 25%. A farinha de seu Marcos vem principalmente de Nazaré das Farinhas e Santo Antônio de Jesus.
As duas cidades não foram afetadas diretamente pela estiagem mas, segundo a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a cultura de mandioca atinge os 417 municípios baianos, o que inclui os 266 em estado de emergência.
Com a produção reduzida, a oferta do produto caiu, o que fez os preços subirem. Na barraca de seu Marcos, o feijão carioquinha, que custava 
R$ 3,50 o quilo, agora é R$ 5,50. Se os clientes estão reclamando? “O povo só não reclama do preço da cerveja, moça. Mas levam do mesmo jeito. Não vão deixar de comer, né?”, diz, com a sabedoria de quem trabalha na feira há 52 anos.

“Eu não tenho nem coragem de reclamar. Estou acompanhando o noticiário e sei como está a situação”, conforma-se a baiana de acarajé Rose Ferreira. “Pelo menos os ingredientes do acarajé ainda não subiram”.
Os ingredientes do acarajé não, mas outros produtos da cesta básica do baiano sim. Foi o caso do aipim, do carimã, da soja e do milho, embora em proporções menores. “Também tem o maxixe, que para conseguir uma caixa, virou leilão. O jiló também está uma dificuldade e as bananas estão tão mirradinhas que dão pena”, diz a comerciante Débora.(Correio da Bahia).