Local onde morreram 5 pessoas da mesma família em 2011 no trecho entre Serrinha e Santa Bárbara |
Principal rodovia brasileira, a BR-116 apresenta um dos maiores índices de acidentes entre as estradas federais que cortam a Bahia. Só nos três primeiros meses do ano, foram 673 acidentes, o que representa 32% das ocorrências registradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e um total de 386 feridos e 42 mortos.
Foram
contabilizados 2.351 acidentes em estradas baianas, sendo que a BR-116
está em segundo lugar no ranking, perdendo apenas para a BR-101, com 709
sinistros.
A BR-116 é a
maior rodovia totalmente pavimentada do país, com 4,385 quilômetros que
passam por dez estados e ligam cidades importantes. Na Bahia, ela passa
pelos municípios de Abaré, Chorrochó, Macururé, Canudos, Euclides da
Cunha, Tucano, Araci, Teofilândia, Serrinha, Santa Barbára, Feira de
Santana, Santo Estêvão, Itatim, Milagres, Jaguaquara, Jequié, Manoel
Vitorino, Poções, Planalto, Vitória da Conquista e sai do estado pelo
município de Cândido Sales.
A
razão de tantos acidentes e a solução para reduzir estes números são
facilmente apontadas pelo diretor da Cooperativa dos Caminhoneiros de
Capim Grosso, no norte do estado. “A pista é estreita demais e
necessita, urgentemente, da duplicação”, destaca Valdomiro Maciel de
Souza.
A cooperativa a qual representa tem 300 caminhoneiros de diversos
estados brasileiros. “Todos sofrem com os riscos das estradas, em
especial a BR-116, que tem o maior número de acidentes com caminhon
eiros, sem contar os assaltos”, conta Souza.
De acordo com o caminhoneiro, a pista curta, a falta de sinalização e as
curvas sinuosas também contribuem para tragédias como a do dia 22 de
outubro do ano passado, quando uma carreta dos Correios e dois
automóveis, um Gol e um Corolla colidiram na BR-116, nas proximidades da
fazenda Caçador, entre os municípios de Serrinha e Santa Bárbara e
deixou 5 mortos. As vítimas eram da mesma família.
A colisão
ocorreu quando o condutor da carreta identificado como Hélcio Duarte
Bogado, 31 anos, perdeu o controle da direção em uma curva, foi para o
acostamento e acabou batendo de frente com o veículo Gol que era ocupado
por Martim de Jesus, 48 anos; a esposa dele, Maria Almira Pereira de
Jesus, 44 anos; os dois filhos do casal, Nadson Pereira de Jesus, 19
anos, e Nadilson Pereira de Jesus, 16 anos; e Antônio Araújo Pereira, 40
anos. A força da batida esmagou os corpos.
Coordenadora do Núcleo de Comunicação da PRF, Mércia Oliveira, destaca que a BR-116 é uma rodovia antiga, con
struída na
década de 70 e que já não comporta o fluxo que recebe diariamente, com
cerca de 10 veículos, nos dois sentidos. “É preciso readequar esta
rodovia a sua atual realidade enquanto isso não ocorrer, infelizmente,
os acidentes continuarão ocorrendo”, garante.
O excesso de
caminhões e carretas que utilizam esta rodovia, segundo a porta-voz da
PRF, agrava ainda mais os riscos na BR. “Fluxo urbano cruzado com o
fluxo pesado de estrada é um perigo”, ressalta. Para Oliveira, a
duplicação está mais que atrasada. “Desde 1994 que se fala na
necessidade de duplicar a 116 e isto deve ser feito o mais rápido
possível”, reforça.(Clériston Silva)