Após 8 anos preso, inocente vive de favor em canil e aguarda indenização

O ex-segurança Wagno Silva foi condenado injustamente por latrocínio em 1997
Leonardo Dias
wagno lucio e seus cachorros
Wagno Silva vive de favor em um clube de criação de cachorros em Confins
Um erro da Justiça manteve uma pessoa inocente presa por mais de oito anos injustamente. Hoje, quase sete anos depois de ser libertado, Wagno Lúcio da Silva continua pagando por um crime que não cometeu.
Preso em outubro de 1997, ele foi acusado de latrocíno contra um taxista na cidade de Congonhas, região central de Minas, e condenado a 25 anos de prisão. Após cumprir oito anos e três meses, ele foi solto em fevereiro de 2006. Mas o que deveria ser o começo de uma nova fase em sua vida se mostrou apenas a continuação do pagamento de uma dívida que ele não tem. Enquanto esteve preso, ele perdeu tudo que tinha: casa, família, amigos. O pesadelo, segundo ele, parece que não ter data para terminar.
Desde que foi solto, há quase sete anos, Silva  vive da ajuda de terceiros. Após morar durante quase um ano em uma cabana de lona em um lote vago em Congonhas, há cerca de seis anos ele vive na sede de um clube de criação de cães, na cidade de Confins, na região metropolitana de BH.
— A única coisa que fizeram foi me soltar na rua, eu tive que me virar na vida. Se não fosse pelo doutor Dino [Miraglia, advogado de Wagno] eu estaria perdido.
Presidente do clube de cães onde Wagno vive, o advogado é visto como uma espécie de pai pelo ex-segurança, já que foi ele quem lhe estendeu a mão nos momentos de dificuldade.
— Ele não recebeu nada. Sequer uma cesta básica do Estado. Hoje ele sobrevive de bicos e do treinamento de cachorros.
Após entrar com uma ação judicial contra o governo do Estado, a 6ª Camara Cível do tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou em março de 2010 que Wagno teria direito a receber uma indenização de R$ 1 milhão (R$ 300 mil referente a danos morais, além de dois salários mínimos por mês desde sua prisão, cerca de R$ 750 mil). Porém, o Estado entrou com recurso contestando o valor. Desde então, o caso se arrasta na Justiça.

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