O aldicarbe,
agrotóxico utilizado de forma irregular como raticida doméstico
(chumbinho), foi banido do mercado brasileiro, informou a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Estimativas do governo
apontam que o produto é responsável por quase 60% dos 8 mil casos de
intoxicação relacionados a chumbinho no Brasil todos os anos. O
aldicarbe tem a mais elevada toxicidade entre todos os ingredientes
ativos de agrotóxicos até então autorizados para uso no país.
O único produto à
base de aldicarbe que tinha autorização de uso no Brasil era o Temik
150, da empresa Bayer. “Trata-se de um agrotóxico granulado,
classificado como extremamente tóxico, que tinha aprovação para uso
exclusivamente agrícola, como inseticida, acaricida e nematicida, para
aplicação nas culturas de batata, café, citros e cana-de-açúcar”,
informou a Anvisa.
Por meio de nota,
o órgão destacou que o cancelamento do registro dos produtos à base de
aldicarbe segue recomendação feita durante reunião, em 2006, da Comissão
de Reavaliação Toxicológica. Na época, foi estabelecida uma série de
medidas para a continuidade do uso do aldicarbe no Brasil, como a
restrição de venda aos estados da Bahia, de Minas Gerais e de São Paulo,
exclusivamente para agricultores certificados e propriedades
cadastradas para uso do produto; e a inclusão de agente amargante e de
emético (substância que induz ao vômito) na formulação do produto.
Após o processo
de reavaliação, a Bayer S/A apresentou, em 2011, um cronograma de
descontinuidade de comercialização e de encerramento de importação,
distribuição e utilização do produto. A empresa se comprometeu ainda a
efetuar o recolhimento de qualquer sobra do produto em posse de
agricultores.
Em junho de 2012,
a Anvisa cancelou o informe de avaliação toxicológica dos agrotóxicos à
base de aldicarbe e, em outubro de 2012, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento publicou o cancelamento do registro do Temik
150. Com a decisão, estão proibidos no Brasil a produção, a
comercialização e o uso de qualquer agrotóxico à base de aldicarbe.
A Anvisa destacou
que o chumbinho é ineficaz no combate doméstico de roedores já que,
como o primeiro animal que ingere o veneno morre de imediato, os demais
ratos observam e não consomem o alimento envenenado. Já os raticidas
legalizados agem como anticoagulantes, provocando envenenamento lento.
Dessa forma, a morte do animal não fica associada ao alimento ingerido, o
que faz com que todos os ratos da colônia ingiram o veneno.
A agência
destacou ainda que o chumbinho é um produto clandestino e que no rótulo
não há quaisquer orientações quanto ao manuseio e à segurança,
informações médicas, telefones de emergência, descrição do ingrediente
ativo e antídotos que devem ser utilizados em casos de envenenamento, o
que dificulta a ação de profissionais de saúde no atendimento a pessoas
intoxicadas.
Os sintomas
típicos de intoxicação por chumbinho são registrados em menos de uma
hora após a ingestão e incluem náuseas, vômito, sudorese, salivação
excessiva, visão borrada, contração da pupila, dor abdominal, diarreia,
tremores e taquicardia.
Em caso de
intoxicação, a orientação da Anvisa é que a pessoa ligue para o
Disque-Intoxicação: 0800-722-6001. O serviço é gratuito e está
disponível para todo o país.